Até ontem, 13, a Enel Distribuição Ceará já havia registrado 61.406 descargas elétricas em todo o Estado somente em 2023. De acordo com os dados divulgados pela empresa, que monitora, entre outras ocorrências, as descargas atmosféricas da região, os municípios mais atingidos foram Granja, com 4.990 raios; Viçosa do Ceará, com 2.575; Icó, com 2.497; Aiuaba, com 1.622; e Mauriti, com 1.340. É válido lembrar que, em 2022, Granja também foi o município com a maior quantidade de registros de descargas elétricas, terminando o ano com mais de 10 mil ocorrências.

Nesse sentido, a empresa responsável pela distribuição da energia elétrica do Estado explica que o sistema auxilia na verificação de possíveis ocorrências na rede, para que caso haja algum problema, os técnicos possam agir de maneira mais rápida. Além de eventuais complicações nas redes de energia, a ocorrência de raios também pode  representar riscos para a vida da população. Em janeiro deste ano, um adolescente de 16 anos foi atingido por um raio enquanto enchia garrafas de água dentro de casa em Crateús, no interior do Estado.

Nesse sentido, Enel emitiu uma lista com uma série de cuidados a serem tomados dentro de casa durante uma tempestade. Entre as dicas estão: evitar o uso de aparelhos conectados à tomada, como celulares, tablets, ferro elétrico e etc; evitar uso de chuveiro ou torneira elétrica; evitar consertos de instalações elétricas e permanecer dentro de casa enquanto a tempestade durar.

“A prevenção deveria ser o hábito do brasileiro, mas infelizmente não é. É isso que observamos, a cada dia, ao receber os avisos, pela internet, de mais um acidente que poderia e deveria ter sido evitado”, alerta o coronel Mardens Vasconcelos, engenheiro eletricista do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE). Nesse contexto, o especialista recomenda ainda que as pessoas mantenham distância de janelas, canos, portas, espelhos e outros materiais metálicos e afastem-se das tomadas elétricas durante eventuais tempestades de raios. 

Caso esteja fora de casa, o coronel explica que o recomendado é evitar estruturas altas como torres de linhas telefônicas e de energia elétrica. Também não se deve estar próximo a postes, cercas de arame, varais metálicos, linhas férreas e outras estruturas metálicas. “Não permaneça em áreas abertas como campos de futebol, praias, quadras esportivas e estacionamentos. Não se abrigue em árvores ou debaixo delas”, pontua. 

Além disso, Marden Vasconcelos chama atenção para a existência de diversos mitos em torno da ocorrência de descargas elétricas, como as de que um raio não atinge duas vezes o mesmo lugar. “Essa é uma das informações mais repassadas na história e trata-se do maior mito envolvendo o assunto. Durante a tempestade, o raio procura a forma com menor resistência para atingir a terra”, afirma. A ideia de que os raios sempre atingem o objeto mais alto também não é verdadeira, segundo o engenheiro eletricista do CBMCE. “Os objetos mais altos têm probabilidade maior de serem atingidos pelos raios, mas isso não impede que um raio atinja o solo ou até mesmo objetos mais baixos que estejam próximo a outros maiores”, detalha.

Caso alguém seja atingido por uma descarga elétrica, o coronel alerta que não se deve tocar na vítima diretamente. “Caso o interruptor não seja localizado, recomenda-se procurar um pedaço de madeira ou qualquer material não-condutor de eletricidade para que a vítima seja afastada da fonte de energia”. Nesses casos, o Serviço  de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) deve ser acionado imediatamente, pelo número 192.

Porém, caso a vítima esteja desacordada, a orientação é dar início a uma massagem cardiorrespiratória e acionar os serviços de emergência pelo 190, 192 ou 193. Nesses casos, deve-se deitar a pessoa de costas, numa superfície rígida; posicionar seus braços estendidos, com os seus dedos entrelaçados no centro do tórax e iniciar compressões torácicas de forma rápida e forte. “A manobra deve ser efetuada com frequência de 120 compressões por minuto e deve permitir o retorno total da parede torácica da vítima. Não interrompa as manobras de ressuscitação cardiopulmonar até a chegada do socorro”, ensina. 

Por Yasmim Rodrigues

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