Brasil vai apresentar taxação dos super-ricos em cúpula do G20
Objetivo é combater desigualdades e garantir recursos para o clima.
- Categoria: Geral
- Publicação: 13/11/2024 17:44
- Autor: Akemi Nitahara - Repórter da Radioagência Nacional* 12/11/2024 - 17:17 Rio de Janeiro
Uma medida para combater as desigualdades sociais no mundo, que o Brasil pretende apresentar na reunião de cúpula do G20, é a taxação dos super-ricos.
Considerada a principal proposta do país durante a presidência no grupo, o objetivo é também conseguir recursos para enfrentar a emergência climática.
Os chefes de Estado e de Governo das 19 maiores economias do planeta, mais União Europeia e União Africana vão debater a questão na reunião da cúpula do G20, que ocorre nos dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro.
A proposta foi apresentada pelo Brasil em fevereiro, durante a reunião dos ministros de Finanças e presidentes dos bancos centrais do G20, em São Paulo.
Impacto econômico
A presidência brasileira no G20 defende um imposto mínimo de 2% sobre a renda dos bilionários do mundo. A estimativa é que essa taxa arrecadaria entre US$ 200 e 250 bilhões por ano e afetaria apenas 3 mil pessoas em todo o mundo. O cálculo é do economista francês Gabriel Zucman, um dos autores da proposta.
Outro estudo, de uma confederação internacional de organizações que atua contra a fome e a pobreza, a Oxfam, aponta que, em todo o planeta, os impostos sobre a riqueza arrecadam quatro vezes menos do que as taxas sobre o consumo. Isso mostra o peso dos tributos sobre as pessoas mais pobres, que gastam tudo em consumo de bens e serviços básicos e não acumulam nenhuma riqueza.
No Brasil, um estudo do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da USP, a Universidade de São Paulo, mostrou que o imposto mínimo de 2% sobre a renda dos 0,2% mais ricos do país arrecadaria mais de R$ 40 bilhões por ano. O valor equivale, por exemplo, a três vezes o orçamento de 2024 do Ministério da Ciência e Tecnologia e dez vezes o do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas.
Adesão à proposta
Entre os países que apoiam a taxação dos super-ricos estão França, Espanha, Colômbia, Bélgica e África do Sul, que vai assumir a presidência rotativa do bloco depois do Brasil. A União Africana também já manifestou apoio à iniciativa.
Por outro lado, a ideia enfrenta a resistência de países desenvolvidos como os Estados Unidos e a Alemanha.
A proposta do imposto sobre as grandes fortunas no mundo também será tema de discussão no G20 Social, que ocorre antes da reunião de Cúpula, entre os dias 14 e 16 de novembro, também no Rio de Janeiro.
*Com informações da Agência Brasil